terça-feira, 8 de maio de 2012


Gossip Boys - Capítulo 7

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Capítulo 7 – Tequilaaa baby!


Thur fala:

Micael? Micael? Micael!? - eu gritava e batia na porta do quarto de Micael. De repente, ele apareceu na porta só de boxers e uma cara nada boa.
- O que foi, porra? - ele exclamou, coçando os olhos.
- Me empresta as chaves do seu carro? - pedi, fazendo minha melhor cara de gatinho do Shrek.
- Pra quê? - ele perguntou. - Ahá! Vai sair com alguma menina eim, eim, eim? - ele me deu vários cutucões, enquanto eu gargalhava.
- Nada disso. - eu disse, ficando sério de repente. - Eu preciso ir ao super-mercado.
- Super-mercado das curvas! - ele brincou, me dando um tapa na cabeça. - Quem vai ao super-mercado às... - olhou no relógio. Eram 6:22h, e faltavam 8 minutos para o despertador geral da casa tocar Why Don't You Get a Job do Offspring. - Porra, Thur, sua puta, você me acordou 8 minutos antes do despertador!
Micael, minha gata, pára de frescura e me empresta o carro? - eu pedi novamente, já perdendo a paciência e os preciosos minutos.
- Ok. Mas lembre-se de que você ainda tem 17 anos. Nada de bebidas, mulheres ou drogas. - ele disse, imitando meu pai incrivelmente bem. Eu ri. Ele jogou as chaves da sua Eco Sport preta que ele raramente usava – de acordo com ele, o conversível de Harry impressionava mais as meninas – e voltou para o quarto, se misturando com a bagunça e as sombras.
Comemorei com uma dancinha idiota e disparei pela escada, pegando uma banana na fruteira pelo caminho. Me joguei de qualquer jeito no carro de Micael e alguns minutos depois já estava na frente da casa da Lua, sorrindo radiante para ela, que esperava por mim na porta.
Ela estava linda, com uma saia jeans azul marinha acima dos joelhos bronzeados. Os cabelos caiam sobre a cintura e ela usava um suéter de cashmere branco, com as mangas puídas e a barra desfiada.
Linda como sempre.
Ela veio correndo em direção ao carro e jogou sua mala rosa bebê no banco de trás, junto com o fichário, e me beijou com vontade. Eu a beijava e sorria por dentro. Ficamos nos beijando até eu perder o fôlego e exclamar:
- Boa dia para você também!
- Bom dia! - ela exclamou, me dando um selinho. - Agora aonde você vai me levar por quase meia hora antes do colégio?
- Aí você já tá querendo demais, srta. Blanco. - eu disse, bagunçando seus cabelos muito bem penteados. Ela não ligou e continuou sorrindo para mim. Por um instante não consegui desviar meus olhos de tamanha beleza. Mas aí me lembrei do que tinha preparado para ela e acelerei o carro.
- É nessa hora no filme que você me mata? - ela perguntou, colocando a mão na minha perna. Eu me arrepiei todo, por um simples toque, e respondi, malicioso:
- Só se for de amor.
- Nossa, Aguiar, que coisa mais gay! - ela exclamou e nós dois gargalhamos.
Fomos cantando durante o caminho, e nos beijando durante os faróis. Em um, nos empolgamos tanto que um motoqueiro passou ao nosso lado e gritou: “Arrumem um quarto!”.
O dia estava ensolarado e logo Lua tirou o suéter, ficando só com uma blusa de alcinha vermelha. Passei a língua pelos lábios sem ela ver, tentando me controlar.
Como se isso fosse possível.
- Porra, Lua, você veio assim só pra me provocar, não é? - eu exclamei, virando os olhos. Ela sorriu para mim e respondeu:
- Quem sabe?
Passamos por dentro de um bosque meio fechado, quicando no banco do carro. Lua ria de todas minhas piadas e eu ria de suas maluquices.
Quando estávamos perto, parei o carro e amarrei uma venda nos seus olhos. No começo ela protestou, mas depois deixou.
- Estamos chegando. - eu disse, parando o carro novamente, só que dessa vez tínhamos chegado mesmo. Ela deu um gritinho empolgado e eu desci do carro. Ajudei-a a descer do outro lado e a levei de cavalinho até uma clareira cercada por árvores enormes. Mais à frente, um lago corria e o barulho era relaxante. - Pronto. Um, dois, três. - tirei sua venda e ela piscou algumas vezes, antes de sorrir e envolver seus braços no meu pescoço.
Ela me beijou longamente e parava às vezes, para dar alguns selinhos. Eu a peguei pela cintura e a puxei o mais próximo possível. Ela segurava meu rosto com as duas mãos quentes e um frio subia e descia pela minha coluna vertebral.
- É lindo! - ela exclamou, finalmente me soltando e correndo até o lago. Fui atrás dela e me agachei ao seu lado, examinando seus olhos, sua boca, seu nariz. Tudo nela era perfeito. - Como você descobriu isso?
- Eu vinha muito aqui com meu pai. - eu respondi, jogando um pouco de água nas suas pernas nuas. - Ele é um grande fã da natureza.
- Seu pai é dos meus. - ela sorriu, jogando água de volta em mim. - Não se sente invadido por me mostrar um lugar tão íntimo?
- Não. - respondi, com sinceridade. - Na verdade, eu quero dividir tudo com você a partir de hoje.
- Eu também. - ela respondeu, se levantando. - Vem, vamos dançar!
- Dançar? - eu perguntou, incrédulo. - Sem música?
- Você não sabe cantar? - ela perguntou, me provocando. - Porque pelo o que eu soube, e pelo o que eu ouvi, sua voz é linda.
Peguei-a pela cintura, mordendo os lábios. Ela gargalhou e envolveu suas mãos novamente nos meus ombros, mas dessa vez ela apoiou a cabeça na minha clavícula e eu apoiei a minha nos seus cabelos com cheiro de morango.
- “If you want my future, forget my past! If you wanna get with me, better make it fast!” - eu cantei, com a voz afetada. Lua gargalhou no meu peito e eu continuei cantando, enquanto nos balançávamos lentamente. - “Now don't go wasting, my precious time! Get your act together, we could be just fine...”
- “I'll tell you what I want, what I really really want! So tell me what you want, what you really really want!” - ela cantou junto comigo, se separando do meu abraço e dançando com os quadris. Fiquei meio paralisado, só observando ela dançar, mas continuei cantando e rindo, enquanto ela balançava os braços e jogava os cabelos longos para todos os lados. - “I wanna, I wanna, I wanna, I wanna, I wanna really, really really, wanna zigazig ha!”
Começamos a rir e ela se jogou nos meus braços novamente. Quando conseguiu parar, me olhou nos olhos, com uma expressão séria, e pediu:
- Agora é sério, Thur, vamos dançar.
- O que você quer que eu cante? - perguntei, afagando seus cabelos.
- Me surpreenda.

Lua fala:

E ele me surpreendeu.
Não só por sua linda voz, ou pelas suas mãos gentis e firmes na minha cintura. Não. Foi mais que isso. Foi a paixão com que ele cantou.
- “Too alarming now, to talk about... (Muito apressado agora para falar sobre isso...). - ele começou, balançando meu corpo para um lado e depois para o outro, junto com ele. [N/A: Desculpem meninas, eu sei que My Hero não é muito romântica, mas é linda mesmo assim! Ah, e eu fiz essa parte ouvindo My Hero versão Paramore, então se quiser criar um clima... xD] - Take your pictures down, and shake it out... Truth or consequence? Say it aloud! (Pegue suas fotos e as segure bem... Verdade ou conseqüência? Fale em voz alta!). - a voz dele era mansa, quase um sussurro, mas mesmo assim era maravilhosamente afinada. Apertei-me mais no seu abraço e continuei balançando com ele. - Use that evidence, race it around! There goes my hero! Watch him as he goes... (Use aquela evidência, saia correndo! Lá se vai meu herói! Observe-o enquanto ele se vai...). - ele cantou baixinho no meu ouvido, e eu me arrepiei inteira. - There goes my hero! He's ordinary!” (Lá se vai meu herói! Ele é uma pessoa comum!).
Eu poderia ficar ali para sempre, só ouvindo sua voz e sua respiração. O vento soprava gelado nos meus cabelos e nos dele, e eu me afundava cada vez mais no seu peito, me desmanchando. Ele parou um pouco de cantar e só me balançou mais um pouco. Fechei meus olhos e suspirei.
A vida estava cada vez mais perfeita.
- Don't the best of them, bleed it out? While the rest of them, peter out... (O melhor deles, não sangra? Enquanto o resto, desaparece...). - ele continuou, ainda em um sussurro. Sua voz ficou mais rouca e ele me segurava com mais firmeza. - Truth or consequence? Say it aloud! Use that evidence, race it around! (Verdade ou conseqüência? Fale em voz alta! Use aquela evidência, saia correndo!). - o vento bateu novamente, e eu me arrepiei de novo, fazendo ele rir baixinho. Uma risada meio rouca, mas muito sexy. - There goes my hero! Watch him as he goes... There goes my hero! He's ordinary! Kudos my hero, leaving all the best! You know my hero, the one that's on! (Lá se vai meu herói! Observe-o enquanto ele se vai... Lá se vai meu herói! Ele é como eu e você! Glória para o meu herói, abandonando todos os melhores! Você conhece meu herói, aquele que está por cima!).
Ele escorregou as mãos para a base da minha bunda – sei que é feio falar assim, mas é melhor que nádegas, certo? - e eu escorreguei as minhas para seu peito forte, que descia e subia calmamente.
- There goes my hero! Watch him as he goes... There goes my hero! He's ordinary! (Lá se vai meu herói! Observe-o enquanto ele se vai... Lá vai meu herói! Ele é como eu e você!). - ele terminou. E como se ele fosse algum tipo de ímã, inclinei minha cabeça e beijei seus lábios entreabertos.
O beijo foi se intensificando à medida que o frio na minha espinha aumentava. Se as mãos de Thur estavam perto, agora já estavam estrategicamente apertando minha bunda. Eu o fazia se arrepiar a cada puxada mais forte que dava nos seus cabelos.
Ele não se cansava nunca de me beijar, e sempre ofegava mais. Depois de algum tempo, ele pousou a mão direita no meu pescoço, me fazendo ofegar junto com ele, enquanto descia vagarosamente, quase chegando no meu peito.
Mas veja bem.
Quase.
Ele estava chegando bem perto – e meu corpo endureceu – quando meu celular começou a cantar os versos de “Kiss Me” versão New Found Glory.
Suspirei aliviada.
Claro, não era como se eu não quisesse me amassar com Thur. É só que... Eu não me sentia bem fazendo aquilo em um lugar tão... verde!
Ok, é agora que vocês me chamam de fresca.
- Não atende... - ele pediu, ainda com a boca colada na minha.
Olhei no visor do meu iPhone – presente do papai. Era Melanie, provavelmente querendo me contar algum capítulo emocionante de alguma série que ela estivesse assistindo ou simplesmente para perguntar se eu queria que ela comprasse um lanche natural para mim antes de entrar na sala e eu pagava depois – coisa que ela fazia todos os dias e mesmo assim me ligava para perguntar.
- Pode ser importante! - menti, me desvencelhando do seu abraço gostoso. Coloquei o aparelho na orelha e falei: - Alô?
Luinha!? - Melanie gritou por cima de algumas risadas altas. Provavelmente já estava na escola.
- Não, Mel, é a vovó Mafalda! - brinquei, virando os olhos.
- Cadê você, vovó Mafalda? - ela perguntou, e as risadas em volta aumentaram o volume. Pude reconhecer a risada escandalosa de Harry e os miados de Mariana.
- Eu estou... - olhei para Thur alarmada, mas ele gesticulou algo do tipo “indo para a escola” e eu repeti: - Indo para a escola.
- Sozinha?
- Não, com o Jim Sturgess! - respondi, estranhando a pergunta. - Claro que sozinha. Eu vou sozinha para a escola todo dia, porque hoje seria diferente?
- HAHAHAHA! - ela riu sozinha. - Não é isso, Luinha, é que nem você nem o Aguiar chegaram, então eu e as meninas apostamos que você estava em um lugar e ele em outro, e os meninos apostaram que vocês estavam juntos se pegando no bosque!
A essa altura, Thur ouvia tudo, pois eu tinha colocado no viva-voz, e ele estava ficando vermelho de segurar a risada.
- Hey, espera aí! - eu exclamei, colocando a mão na boca de Thur para ele não rir. Ele passou os braços pela minha cintura e eu continuei: - Então quer dizer que vocês e os meninos estão de boa?
- Mais ou menos. - ela respondeu, abaixando um pouco a voz. - Chay nem olha na cara de Sophia, mas fora isso... Eu achava que eles não iam falar mais com a gente pelo resto da vida! Mas acho que só Chay ficou realmente bravo, porque você sabe, Sophia realmente traiu sua confiança... Só espero que um dia ele a perdoe e ela tire esse olhar triste do rosto... Bom! - ela exclamou, como se lembrasse de algo. - Eu preciso ir, Micael quer contar uma piada. Ah, e vem logo pra escola!
E desligou.
Thur fala:

- Corre, Luinha! Vamos! - exclamei, puxando-a pelo braço.
- Ai, seu maluco! - ela gritou, se soltando dos meus braços. - O que você tem?
Luinha! - eu resmunguei, arregalando os olhos. - Você não ouviu? Estamos perdendo a piada de Micael!
Lua garalhou e eu sorri vitorioso. Fazê-la rir era melhor do que tudo no mundo.
Quer dizer, só não era melhor do que aquele corpo maravilhoso e aquele rosto perfeito.
Peguei sua mão e pisquei para ela, maliciosamente, me conformando que não passaríamos do beijo aquele dia. Mas tudo bem, com ela – só com ela – eu podia esperar.
Não podia?
- Vamos então, pudim de beterraba. - ela disse, me dando um beijo no rosto sem dificuldades. Lua era muito alta, quase do meu tamanho.
Guiei-a pelo caminho de volta para o carro.
Voltamos para a escola rindo o caminho inteiro de uma história que ela contava sobre seu pai e alguns travestis. Eu não conseguia parar de rir, principalmente quando ela disse que o pai dela olhou para os três homens depois de algum tempo conversando com eles e perguntou: “Vocês são homens?”.
- Hey, Thur. - ela sussurrou, em um dos nossos raros momentos de silêncio. Estávamos chegando perto da escola e eu estava me sentindo mais deprimido do que nunca. - Você pode me deixar duas quadras antes da escola? Eu não quero levantar suspeitas e...
- Tudo bem. - a cortei. Já tinha entendido, desde o começo, que para ficar com ela eu teria que modificar muita coisa em mim e na minha rotina. Por um lado, isso me deixava bravo, pensando se ela não poderia assumir e foda-se os outros, mas por outro, eu entendia o lado dela.
Ou pelo menos fingia que entendia.
E outra. Eu também tinha que manter minha reputação de pegador.
Deixei-a a duas quadras da escola, dando um selinho nos seus lábios vermelhos e arrancando pela rua. Cheguei na escola e estacionei a Eco de Micael perto do carro do diretor. Faltavam uns 15 minutos para o sinal bater e a escola já estava lotada.
- Hey, dude! - Chay acenou de uma mesa onde estava com Harry, Micael, Mariana, Melanie e Sophia. Fui até eles e me sentei na mesa. - Até que enfim!
- Sentiu minha falta, é, coisa fofa? - perguntei, mandando um beijo para ele, fazendo os outros rirem. Sophia estava ao meu lado, particularmente feliz, comparado aos outros dias, que ela andava com a cabeça baixa e os olhos vermelhos. Olhei para Chay e ele estava ignorando a presença da garota, mas estava meio nervoso, mexendo os pés sem parar.
- Quase morri, meu amor! - ele respondeu, piscando para mim.
- Ok, vamos parar de viadice e decidir de uma vez por todas o que vamos fazer no fim de semana? - Mariana exclamou. Harry estava com os braços na sua cintura e todos que passavam olhavam para nós e cochichavam. Senti uma pontada de inveja, querendo estar assim com Lua.
- Eu já disse que quero assistir O Massacre da Serra Elétrica x Jason! - Micael disse, emburrado.
Micael, o dia que eu assistir esse filme, você pode me colocar no hospício, porque eu provavelmente vou estar LOUCA! - Melanie exclamou, e os cantos da boca de Micael se curvaram para cima. Ela deu um soco no seu ombro e ele fez uma careta que fez ela sorrir.
Mariana e Harry se entreolharam.
Love is in the air?
- Vamos... - eu comecei, mas fui interrompido por Lua, que chegava e atraía todos os olhares masculinos do pátio. Uma vontade gigante de me levantar e gritar “TIREM OS OLHOS QUE ELA JÁ TEM DONO!” invadiu meu cérebro, e eu tive que me segurar na mesa para não realmente fazer.
- Vamos? - Sophia me tirou do transe quero-que-todos-morram e eu sacudi a cabeça para ela. Chay, Harry e Micael olharam discretamente para onde eu estava olhando e pousaram os rostos sérios-mas-morrendo-de-vontade-de-me-zoar em mim. Eu só apertei os olhos para eles e logo depois eles já estavam fazendo o que faziam antes.
Ou seja, nada.
- Para a praia? - me lembrei que meu tio tinha uma casa vazia pé na areia em uma das praias mais lindas do estado e, bem, por que não? Tínhamos 18 anos, – bem, menos eu e as meninas, mas isso não vem ao caso – dinheiro, - não éramos milionários, mas, sim, tínhamos dinheiro – carro e beleza. O que nos impedia?
Ah, seria por que dois de nós nem se olhavam, dois de nós estavam constantemente se agarrando depois de ter experimentado a primeira vez, dois de nós fingiam ser amigos quando realmente morriam um pelo outro e dois de nós, bem, se amavam e não podiam assumir por motivos supérfluos e mesquinhos?
Ah... É, era por isso...
- Quem vai pra praia? - Lua perguntou, se jogando ao lado de Harry e Chay. - Eim?
- Nós. - eu disse, dando de ombros, tentando não olhar por muito tempo para seu rosto perfeitamente assimétrico. - Quer dizer, se vocês quiserem.
- Aonde nós ficaríamos? - Mariana perguntou, desgrudando a boca de Harry, como se estivesse ouvindo toda a conversa.
- Casa do meu tio. Duas suítes, piscina, churrasqueira, sala com dvd e cozinha americana. - respondi, vendo os olhos das meninas brilharem ao ouvirem a palavra suíte.
- Eu fecho. - Micael disse. Chay concordou com ele, olhando rapidamente para Sophia, que analisava as unhas. Harry fez um jóia com a mão, beijando o pescoço de Mariana.
Meu Deus, procurem um quarto!
Depois que eles tinham percebido que se agarrar na frente de Sophia e Chay não os incomodava em nada, eles não PARARAM MAIS!
- Claro, preciso mesmo pegar uma cor. - Melanie disse, se olhando. Micael olhou também e abriu um pouco a boca quando ela desgrudou a regata da barriga para analisar o seu estado de “branquisse”.
- Eu também! - Mariana parou de beijar Harry e exclamou, mostrando o braço para Melanie. Sophia concordou e Lua disse que ela também.
Aliás, do que meninas não reclamavam?
- Ok, lumbriguinhas, nós vamos então? - Chay perguntou.
- Eu vou! - Melanie disse novamente.
- A Mari também. - Harry disse por Mariana, que sorriu e apertou as bochechas dele.
Blergh.
Não que eu não estivesse morrendo de vontade de fazer o mesmo com Lua.
- Pode ser. - Sophia disse, corando ao trocar olhares com Chay, que felizmente tirou a cara séria do rosto e sorriu um pouco.
- É, eu vou. É só não me deixar muito tempo perto do Aguiar! - Lua disse e piscou para mim. Eu mostrei a língua para ela e todos riram.
Realmente, era só não ficar muito perto dela.
Mas não pelos motivos que todos achavam.

Lua fala:

- Esse definitivamente me deixa uma vaca gorda! - Sophia reclamou, tirando o biquíni rosa claro que ficava maravilhoso nas curvas dela e jogando no cesto de biquínis péssimos. Separamos três cestas, a dos biquínis ótimos/lindos/não-fico-uma-vaca-gorda-com-esse, a dos biquínis se-todos-sujarem-eu-uso e a dos biquínis péssimos/desconfortáveis/bregas/fico-uma-vaca-gorda-com-esse.
- Eu gosto desse. - Mariana disse, se analisando, com um biquíni azul-turquesa com a parte de baixo estilo cuequinha e a parte de cima cortininha, no espelho de parede do meu quarto. Era quarta-feita e estávamos no meu quarto porque era o único que tinha espelho por todas os lados, então podíamos nos botar defeito à vontade. - Eu fiquei mais alta!
Mariana era a menor de nós três. Mas quando eu digo menor, era menor mesmo! Ela tinha 1.58m.
- Claro, e Papai Noel passou aqui em casa ontem. - eu brinquei, e ela jogou uma almofada em mim. Eu já tinha separado todos meus biquínis e fiquei observando as meninas provarem os seus.
Não ficávamos constrangidas nem nada do tipo. Nos trocávamos juntas desde bebês, era meio que um hábito nosso.
Lua, me ajuda aqui? - Melanie pediu, se enroscando em um biquíni estranho e pequeno verde-limão de Sophia. Definitivamente ele iria para os péssimos. Cheguei perto de Melanie e tentei desatar o nó, mas não consegui, então ela tentou me ajudar.
- HEY, num rela ni mim! [N/A: Viu só Lucas Feldélcio, promessa é dívida! HAHAHAHA] - eu exclamei de brincadeira, e ela deu um pulo para trás, fazendo as outras rirem.
- Meninas... - Sophia suspirou, e eu senti a tristeza na sua voz. Eu e Melanie fomos até onde ela estava e Mariana também. Ela se sentou no chão e foi acompanhado por nós.
- O que foi, Soph? - perguntei, passando as mãos quentes por seus ombros gelados.
- Não sei, é só que... - ela começou, suspirando. - E se Chay nunca me perdoar?
- É claro que ele vai ter perdoar! - Melanie a encorajou. - Mas você tem que entender que ele também está sofrendo. Você... - ela nos lançou um olhar de dúvida e antes que nós pudéssemos fazer alguma coisa, continuou: - Você magoou ele de verdade.
- Eu sei. - ela disse, e uma lágrima escorreu por seu rosto pálido. Se a situação não fosse tão ruim, eu estaria rindo de nós quatro sentadas no chão de pernas de índio, duas de biquínis, uma quase pelada com o biquíni todo enroscado no corpo e eu de roupa.
- Mas não chora! - Mariana piou, lançando um olhar bravo para Melanie, que deu de ombros. - Nós vamos nos divertir pra caramba, e outra, eles estão levando um estoque de Tequila e Vodka!
- Sério? - perguntei, curiosa. Nem eu sabia disso.
- Ahám, o Harry me disse! - ela respondeu, sorrindo ao pronunciar o nome dele.
Nós íamos no dia seguinte, quinta-feira, pois sexta não teria aula na escola devido ao conselho. E, mesmo que não tivesse o conselho, nós iríamos, porque alguns alunos do segundo ano ouviram nossos comentário e a única coisa que falavam na escola era sobre os dois lados da força estarem indo para a praia juntos.
E, por falar nisso, no quesito fofoca, aparentemente, eu e Thur éramos noivos e eu estava grávida dele, por isso escondíamos o romance. Sophia e Chay brigaram porque Chay estaria com Mariana. Harry era o corno manso, e Micael só não ficava com Melanie pois tinha medo de que os boatos de que ela tinha AIDS fossem verdadeiros.
Sem mais nada a declarar.
- Então é isso! - Sophia exclamou, se levantando em um pulo e jogando o biquíni lilás na cesta dos ótimos e finalmente sorrindo. - Se ele me ignorar eu vou afogar todas minhas mágoas na tequilaaa!
- Tequilaaa baby! - nós exclamamos juntas. Nós quatro éramos VICIADAS em Tequila. E eu não estou brincando.
- Mas se a Luinha sair gritando pela rua que é uma xícara DE NOVO, eu nunca mais tomo tequila com ela! - Melanie disse, mostrando a língua para mim.
- Foi só uma vez! - eu reivindiquei.
- Uma vez que você se lembra. - Mariana disse, e recebeu um tapa na cabeça.
- Bom, eu acabei. - Melanie disse, jogando o biquíni verde-limão no ventilador e pegando sua cesta de biquínis mais ou menos e jogando junto com os biquínis legais. Depois pegou essa cesta e despejou na mala abarrotada de roupa e a fechou – depois de alguns minutos de batalha.
Mariana e Sophia acabaram algum tempo depois e nós deixamos nossas malas no meu quarto e fomos assistir Penélope pela décima quinta vez no mês.
Precisaríamos nos acalmar antes de entrar no carro daqueles maníacos no dia seguinte.

Thur fala:

O dia amanheceu ensolarado e quente. Muito quente. Ok, quente pra porra.
Pulei da cama antes mesmo do despertador tocar. Ouvi a música tocar no quarto de Harry e me dirigi até lá, arrastando meus pés. Entrei e me joguei de qualquer jeito na sua cama coberta por revistas, camisetas, livros e papéis, como eu sempre fazia, todos os dias.
Harry já estava acostumado, então só continuou jogando qualquer coisa que encontrava no armário dentro de uma mala gigante da Nike. Entre as camisetas e shorts, jogou luvas e eu jurei ter visto um cachecol. Ri sozinho e ele nem percebeu. Ele sempre acordava cedo, mas nem sempre acordava de verdade.
- Alguém viu minha escova de dentes? - Chay perguntou, entrando no quarto com uma calça de moletom furada nos joelhos.
- A última vez que eu vi estava na cozinha, dentro do armário de chocolate. - Harry respondeu, como se fosse a coisa mais normal do mundo uma escova de dentes na cozinha.
Bem, na nossa casa era.
- Alguém viu meu boné azul? - Micael perguntou, passando por Chay que saía do quarto.
- A última vez que eu vi estava no banheiro lá de baixo. - eu respondi, dando de ombros.
Se alguém gravasse nossas conversas e colocasse no YouTube, garanto que fariam muito sucesso.
Harry terminou de socar as coisas na mala e foi colocar a roupa que tinha separado. E, ao contrário de mulheres, eu saí do quarto sem pensar duas vezes.
Sabe como é, eu não curtia muito ver homens pelados e essas coisas...
Nem um pouco.
Entrei novamente no meu quarto e acendi a luz. Ele estava todo bagunçado, com cuecas e meias jogadas no chão, meu laptop aberto na escrivaninha, meu abajur do Bob Esponja metade aceso metade desligado, o carpete todo furado de cigarro – eu costumava fumar – e manchado de Coca e Vodka, a cama toda bagunçada e as paredes rabiscadas por todos que já entraram ali, com frases como “vai se foder, Aguiar” e “Aguiar para presidente”.
Era o meu lugar favorito no mundo.
Ai, que gay!
Peguei minha mala verde escura da Adidas e coloquei nos ombros, saindo pelo quarto e batendo a porta de qualquer jeito. O pôster do Green Day voou e voltou ao lugar, como sempre fazia.
Chegando na sala, todos já estavam lá, segurando suas malas e colocando seus óculos de sol. 
- Vamos? - Harry perguntou, girando as chaves do conversível nos dedos, como sempre fazia.
- Vamos. - eu disse, colocando meus óculos de sol e boné. Tínhamos combinado de viajar com o capô abaixado para bagunçar o cabelo das meninas e as deixar irritadas, então tínhamos que ir de boné para que os nossos próprios cabelos não voassem. Peguei o violão no chão e rumamos ao carro de Harry.
Eu estava sentindo que aquele seria um fim de semana memorável.

Lua fala:

A minha casa parecia um inferno. Logo às 8h da manhã.
Os meninos tinham combinado de passar em casa às 10, então nos acordamos às 7h.
Nem fodendo – desculpe o palavrão – nós íamos nos encontrar feias com eles.
Certo?
- ALGUÉM VIU A PORRA DO AMARRADOR DE CABELO ROSA QUE ESTAVA EM CIMA DO BANHEIRO? - Mariana gritou, entrando no quarto com as mãos no topo da cabeça, segurando um rabo-de-cavalo que descia como uma cascata nas suas costas.
Ela estava com um shorts jeans e uma blusa de alças branca. O Nike Shox rosa com branco completava o look linda/esportiva.
Minha mãe sorriu para ela, que corou. Não sabia que ela estava lá.
- Desculpa, tia Jô. - ela disse, lançando um olhar mau-humorado para mim. Eu mostrei a língua para ela, enquanto minha mãe prendia meu cabelo numa trança comprida.
- Tudo bem, Mari, você não é a única que fala palavrão aqui. - minha mãe, Joana, tia Jô pras mais íntimas, respondeu, ainda calma.
Essa era minha mãe. Sempre calma.
Agora espera até as visitas irem embora.
- Pronto! - Sophia disse, sorrindo com todos os dentes para nós. Seus cabelos estavam presos em duas trancinhas ao lado do rosto e ela parecia uma boneca de porcelana.
Nós havíamos combinado de prender o cabelo porque tínhamos certeza que os meninos iriam querer viajar com o capô do carro levantado, só para irritar.
- Linda! - Melanie elogiou, observando Sophia de cima a baixo. Ela usava uma saia de malha que ia até um pouco acima do joelho, branca com vermelho. Seus ombros estavam amostra com a blusa de alça vermelha. Ela usava uma sandália rasteira de bambu – ok, eu sei lá a porra do material daquela sandália – com pedrinhas vermelhas.
Estava linda.
Melanie se levantou para se espreguiçar e para mostrar que também estava pronta e não ficou atrás de nenhuma das meninas. Estava com uma jardineira jeans – de mini-saia – e uma baby-look roxa por baixo. Usava aquelas Havaianas personalizadas rosa e roxa e os cabelos estavam em um rabo-de-cavalo alto com alguns fios desfiados na frente.
- Você também, eim Mel! Quer matar o Borges do coração? - eu disse, e ela corou e mostrou o dedo do meio pra mim, fazendo todas rirem, inclusive minha mãe.
- Você também está linda, filha. - minha mãe disse, me admirando depois de ter acabado a trança.
Eu também estava de jardineira, só que de shorts. Ela era jeans bem clarinha e por baixo eu usava uma regata verde. Nos pés, uma rasteira de couro branco com strass.
Olhei no relógio. Só nesse papo, eram 9:23h. Todas estavam prontas e fomos tomar café.
Eu não estava muito a fim de comer nada, então tomei um copo de suco de maracujá pra ver se eu me acalmava e se o pensamento saía de Thur e pousava no mundo real.
Mas eu só queria saber como ele estaria!
Porra, era demais?
Ficamos enrolando na cozinha, minha mãe contando histórias malucas da adolescência – tomando cuidado para não envolver meu pai, já que ela não falava com ele nem dele há muito tempo. Nem com ele nem com meu irmão – e nós mijávamos de rir toda vez que ela contava de um namorado que tivera que fazia xixi na cama.
Quando eram 10:08h, ouvimos barulhos de buzinas na frente de casa. Nos entreolhamos e saímos correndo para olhar a sala de estar e grudamos nossas caras na janela. Eram eles.
Harry e Micael estavam apoiados no carro, no estilo garoto-mal-que-espera-a-namorada. Chay estava em pé dentro do carro, olhando para as nuvens. Thur estava parado com as mãos nos bolsos, ao lado de Micael, mais lindo do que nunca.
Harry usava uma bermuda jeans e uma camiseta pólo listrada de azul com branco. Nos pés, um Puma branco com azul. Micael estava de bermuda camuflada e camiseta azul-marinha, combinando com as Havaianas azul marinhas. Chay usava uma camiseta verde mamãe-não-me-perca-na-neblina e uma bermuda preta com detalhes em verde, junto com tênis estilo pão-que-cresceu-demais.
Thur era, de longe, o mais lindo.
É, eu sei que eu sou suspeita para falar.
Foda-se.
Ele usava uma bermuda jeans, como Harry, mas a dele era mais escura e desfiada na barra. A blusa vermelha com uma caveira em preto ficou meio agarrada no peito, que descia e subia com a respiração. Nos pés, All Star preto, surrado e sujo.
Lindo.
- Ai meu Deus, o Chay está tão lindo! - Sophia suspirou, saindo de perto da janela e correndo até onde nossas malas estavam. – Vamos logo antes que eu mude de idéia!
- Vamos! - eu sorri, pegando minha mala vermelha da Kipling no chão e colocando a mochila da Nike vermelha com preto nas costas. As meninas pegaram suas malas Kipling – todas eram do mesmo modelo, porém de cores diferentes – e demos um beijo estalado no rosto da minha mãe.
- Se comporte. - ela disse no meu ouvido.
Ah, desculpe mãe, mas era a última coisa que eu iria fazer.

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