terça-feira, 8 de maio de 2012


Gossip Boys - Capítulo 8

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Capítulo 8 – Promessas.


Thur fala:

Se elas queriam quase nos matar do coração, bem, conseguiram. 
Sério. Vai tomar no cu. Elas estavam MUITO hots. 
Muito, muito, muito, muito hots. 
Hots demais. 
Já mencionei que elas estavam... hots? 
Quando saíram da casa de Lua segurando as malas nas mãos e descendo as escadas de pedra da entrada, meu coração meio que deu um pulo no peito. 
Mas não foi só o coração que pulou, se é que você me entende. 
Micael e Harry saíram correndo para pegar a mala com as meninas, quase tropeçando nas pernas. Chay me olhou suplicante e eu virei os olhos. 
- Eu te ajudo, Soph do meu coração. - eu disse, pegando a mala verde-limão que combinava com a camiseta de Chay. Ela sorriu para mim e caminhou até o carro. Olhei para o lado e Lua descia as escadas com as escandalosamente lindas pernas de fora com uma jardineira jeans. Ela me lançou um olhar de cão sem dono e eu me aproximei dela, tentando ser o mais hostil que conseguia. 
- Deixa que eu levo a sua, Blanco.
- Só para se achar o fodão, não é, Aguiar? - ela perguntou, quase jogando a mala em cima de mim. Pisquei para ela quando ninguém mais olhava nossa pequena discussão e ela piscou de volta, 
Joguei as malas no porta-malas que já estava abarrotado de malas e pulei para o banco de trás, ficando estrategicamente ao lado das pernas nuas de Lua e ao lado de Chay, para não cair em tentação nas pernas igualmente lindas das outras meninas. 
Na frente, Harry dirigia e Mariana ia ao lado, roubando o posto de co-piloto de sempre de Micael, que não se importou, pois estava meio prensado entre Melanie e Sophia.
Sophia estava no apoio do banco, na ponta. Ao lado Micael estava sentando no banco e Melanie vinha em seguida. Chay também estava sentando no apoio do banco e eu estava ao seu lado, sentado como uma pessoa normal. Lua estava ao meu lado, também no apoio do banco. 
Nós sabíamos que quando entrássemos na expressa teríamos que nos espremer no banco de trás, mas enquanto isso não acontecia íamos nos divertindo com o espaço. 
Harry – logo depois de dar um longo beijo de oi em Mariana – deu partida no carro e ela colocou Offspring no som, estourando as preciosas caixas de som do conversível. 
Nós cantamos o caminho todo até a expressa. Eu tentava não encostar em Lua, mas estava meio difícil com as suas longas pernas bem do meu lado, me chamando. Mas eu me segurei. 
Palmas para mim. 
- Gente, sentando aí, chegamos na expressa. - Harry disse, olhando pelo retrovisor, o vento bagunçando todo seu cabelo. Mariana tentava arrumar, mas não estava dando muito certo. 
- Alguém troca comigo? Eu não gosto de ficar espremida na ponta! - Sophia choramingou. Melanie lançou um olhar significativo para Lua e disse: 
- Eu troco. 
Elas trocaram rapidamente e então Sophia percebeu que teria que ficar ao lado de Chay. Revirou os olhos e olhou para Lua, que estava rindo com a mão na boca. Quando percebeu o olhar da amiga, parou de rir na hora, olhando para frente. 
Lua desceu do apoio e caiu ao meu lado, com metade do corpo colado no meu e a outro metade na porta do carro. Chay, ao meu lado, tentava ao máximo ficar longe de mim, então estava praticamente em cima de Sophia, que olhava para todos os lados, menos para ele. Micael e Melanie conversavam animadamente sobre a Segunda Guerra Mundial – sim, você não ouviu errado. Micael falando sobre a Segunda Guerra. Impagável – e nem perceberam o aperto em que estavam. 
- Se você soubesse o quanto eu quero te agarrar agora não ficava tão perto de mim. - sussurrei no ouvido de Lua, vendo que todos estavam tão entretidos em ouvir música, – Harry e Mariana – se ignorar – Chay e Sophia – e conversar – Micael e Melanie.
Lua fechou os olhos e encostou sua cabeça na minha por dois segundos. Depois levantou e não disse nada. 
- Eu te amo, sabia? - eu disse, novamente no seu ouvido. 
- Eu também te amo. - ela disse no meu, e voltou a observar as paisagens das montanhas. 
A viagem durava duas horas, e eu já estava quase morrendo na primeira meia hora. 
Ótimo. 
Thur! - Harry gritou lá da frente. - Onde você colocou as bebidas? 
- Na mala marrom. - eu respondi. - Ela está lá atrás, embaixo da mala do Chay.
- Que que tem minha mala? - Chay perguntou, saindo de algum tipo de transe. 
- Ela voou pelo porta-malas e nós não podemos voltar para pegar. - Harry disse, dando de ombros. 
- AI MEU DEUS! - Chay exclamou, e todos nós começamos a rir. - A MINHA CUECA DA SORTE ESTÁ NAQUELA MALA! HARRY, VOLTA, PELO AMOR DE DEUS! 
Nós gargalhávamos enquanto ele balançava Harry pelos ombros, pedindo para ele voltar. 
Quando finalmente Harry parou de rir e explicou para ele a verdade, Chay ficou mais emburrado do que antes e encostou sua cabeça no banco. Sophia ficou o analisando, e ele abria os olhos de vez em quando para ver se ela continuava, fechando-os novamente quando via que sim. 
Thur, você trouxe o baralho? - Micael perguntou. 
- Tá na sua mala, no bolso da frente. - eu respondi, como se fosse a mãe dele. Mas na verdade eu era a mãe de todos eles, mesmo sendo o mais novo. 
O mais responsável. 
E o mais veado, se você está realmente lendo essas coisas que eu falo. 
- Ah, que graça, o Thur lembra de tudo! - Mariana disse, se virando para mim. Senti meu rosto queimar. - Ah, que graça, e ainda por cima fica vermelho! Se o Judd não tivesse a pegada tão boa eu largava dele pra ficar com você! 
- Largava nada. - Harry disse. - Essa aí só larga de mim quando morrer! 
Nós rimos quando Mariana mostrou a língua para Harry. Olhei para Lua e ela estava meio vermelha, não sei se pelo sol ou por... ciúmes? 
Harry – depois de desgastantes horas tentando me controlar ao lado de Lua - finalmente entrou na cidade litorânea que iríamos ficar e andou devagar pela cidade, que tinha muitos restaurantes e clubes perto da praia. Era uma cidade muito visitada por universitários nas férias, por isso tinha shopping e todas essas coisas de cidade grande. 
- Agora vira a direita. - eu expliquei, apontando para a rua que Harry teria que virar com uma mão. Com a outra abraçava a cintura de Lua discretamente. 
- Estamos chegando? - ela perguntou, em voz alta. - Eu preciso desesperadamente usar o pipi house! 
- Eu também! - Melanie exclamou, saindo da conversa com Micael e entrando na nossa. - E é sério! 
- Estamos, é só virar a esquerda que é a casa do meu tio. - respondi. 
Harry virou a esquerda e chegamos na majestosa casa do meu tio. Nunca tinha reparado em como ela era grande – pra uma casa na praia – e parece que o pessoal achou a mesma coisa. 
- Meu Deus, é gigante! - Chay disse, abrindo os olhos e se endireitando no banco. 
- Ótimo, agora me dá a chave que eu preciso mesmo ir ao banheiro! - Lua exclamou, estendendo a mão para mim, com as unhas vermelhas e compridas. Peguei a chave no meu bolso e depositei com cuidado em sua mão. Ela sorriu com desdém – todos olhavam para nós dois – e pulou do carro. 
Lua desapareceu pelas sombras da casa do meu tio com Melanie quicando atrás. Sophia pegou sua mala e foi junto arrastando os pés, com o olhar triste. Mariana finalmente se soltou dos braços de Harry e foi deslizando pela entrada, como se fosse um Dementador feliz, e logo estávamos sozinhos. 
- Certo, eu não aguento mais! - Chay exclamou, jogando a mala de bebidas nos ombros e segurou a sua própria mala nas mãos. - Hoje vamos deixar elas bêbadas de não lembrar de nada amanhã e eu vou pegar a Sophia!
- E eu vou pegar minha garota de jeito! - Harry sorriu maliciosamente, colocando a mala de Mariana em uma mão e a sua na outra. 
- Hoje eu pego a Mel! - Micael disse, revelando pela primeira vez seu interesse em Melanie.
- Ah, muleque! - eu disse, cutucando as costelas de Micael, que se contorceu de dor. 
- E se a biba do Thur não parar de brigar com a Luinha e ficar logo com ela, vai segurar vela legal! - Chay disse, e os outros concordaram. 
- Nunca! - eu exclamei, como aqueles super-heróis afetados. Eles riram. 
- Ok, vai perder uma hot daquelas porque é medroso. - Harry falou, fechando o porta-malas e entrando pelo portão da casa. 
Ah, se eles soubessem...

Lua fala:

- Meu Deus, eu nunca quis tanto mijar na minha vida como eu quis hoje! - Melanie suspirou, fazendo uma cara de aliviada ao sentar na privada, logo depois de mim. 
- Nós não podemos falar essas coisas perto dos meninos! Eles vão achar que nós somos umas primitivas! - Mariana disse, soltando os cabelos que caíram livres nos ombros. 
- Verdade. - concordei, fechando a torneira e secando as mãos. 
- Só a Luinha pode, ela não quer impressionar ninguém. - Sophia brincou, desmanchando minha trança. 
- Nem eu! - Melanie reivindicou. 
- Cala boca, Melanie! - exclamamos ao mesmo tempo. 
- Droga. - ela murmurou, dando descarga. 
- Porque você não fica com o Aguiar de uma vez? - Sophia sugeriu, passando pó no nariz. 
- Olha bem para a minha cara e vê a minha vontade louca de ficar com o Aguiar. - elas nem imaginavam como aquilo era verdade. 
- Ele deve ter A pegada. - Mariana disse, pensativa. Aquele ciúmes repentino de toda vez que eu ouvia o nome dele por outra garota surgiu, e eu senti um nó na garganta. - Afinal, ele toca guitarra e tem os dedos rápidos. 
Até eu ri dessa. 
- Você pretende fazer, hum, alguma coisa a mais, com o Judd, Mari? - Melanie perguntou, abafando a risada. Eu e Sophia sorríamos maliciosas. 
- Ah. - ela corou. - Sei lá, umas mãos bobas podem até rolar, mas nada além disso, porque nós não somos namorados, nem nada do tipo... 
- E se ele pedir? - perguntei, levantando a sobrancelha sugestivamente. Sophia e Melanie seguraram o riso. 
- Acho que não. - seu rosto agora estava vermelho rubi. - Ah meninas, eu estou gostando dele, mas vocês sabem que eu não sou assim... 
- Aaaaaah! - nós exclamamos e abraçamos-a, que ria sem parar. 
- Vamos para a praia? - sugeria, já destrancando a porta. 
- Vamos!

Thur fala:

- E aí, Mel, aposta uma corrida? - Micael sugeriu para Melanie, que tirou os chinelos e os jogou na areia. A praia estava meio deserta, com só alguns privilegiados como nós, que tinham a casa na beira do mar. O sol brilhava alto e queimava nossas peles protegidas pelo fator 30.
- No já? - ela perguntou, já se preparando, afundando seus pés na areia. Micael se posicionou ao lado dela e respondeu:
- Até aquelas pedras, já! - e saiu correndo na frente, mas ela foi atrás e o ultrapassou com facilidade.
Eu e os outros nos jogamos no chão e ficamos observando os dois correrem como bobos. O mar azul se fundia com o céu do mesmo tom, fazendo com que nossos olhos doessem ao observar o horizonte. E todos nós vimos a exata hora em que Micael se aproximou de Melanie e a jogou na areia, caindo sobre ela. Suas pernas se encaixaram e ele se curvou e a beijou com força. Melanie envolveu seus braços nos cabelos desgrenhados do menino, e eles ficaram ali se beijando, sem se importar com os velhinhos que tomavam sol e olhavam horrorizados para a cena de amasso em plena luz do dia.
Ah, danados!
E isso seria realmente muito romântico.
Se não fosse por nós.
Micael pegador! - Chay gritou, lançando um olhar charmoso para Sophia, que riu do menino. 
- ALELUIA! ALELUIA! - eu e Harry gritamos, e as meninas continuaram a rir. 
Eles não pararam mesmo assim. 
- Vocês não vão para o mar? - Harry perguntou, puxando Mariana pela cintura para mais perto dele, que sentou de costas, encostando em sua barriga, no meio de suas pernas dobradas. 
- Não. - respondi, quando Lua se levantou. Segui seus movimentos com o olhar e quase caí de costas quando ela tirou o shorts branco lentamente e logo depois a camiseta larga, revelando seu corpo malhado e bronzeado por - creio eu - cremes bronzeadores - estratégicamente aplicado no banheiro da casa - envolvido em um biquíni azul claro. Abaixei o olhar, rezando para que Harry e Chay não tivessem reparado na minha cara de tarado. 
- Eu vou! - ela exclamou, lançando um olhar significativo para mim. Depois correu para o mar, balançando os longos cabelos pelo corpo. Olhei para o lado e Harry já estava comendo Mariana. Olhei para o outro e Sophia lia um livro e lançava olhares tortos para Chay, que, por sua vez, fingia dormir com os óculos de sol enfiados na cara, mas na verdade observava Sophia no seu biquíni branco com vermelho. 
- Humhum. - pigarreei, mas ninguém pareceu prestar atenção. Então simplesmente corri até o mar.

Lua fala:

Eu estava no mar, sentindo as ondas quebrarem na minha cintura. O sol queimava na minha pele e eu me sentia... Feliz! 
Virei-me e minha felicidade só aumentou, meu coração se apertou e o cheiro doce e másculo invadiu meu nariz. Thur andava - praticamente corria - em minha direção. O peito nu, cabelos caindo no rosto e um sorriso doce. 
Sorri. 
Porra! Quem não iria sorrir? 
- Essa viagem está me matando! - ele gritou por cima do barulho do mar, se aproximando, mas mantendo uma divisória imaginária entre nossos corpos. Ele colocou as mãos atrás das costas. - Está me matando lenta e dolorosamente. 
- Como sangrar até a morte? - perguntei, sorrindo maliciosamente. 
- Como sangrar até a morte. - ele sorriu, assentindo graciosamente com a cabeça. 
- E para quê sofrer desse jeito? - perguntei novamente, colocando uma mecha dos seus cabelos atrás de sua orelha, não sem antes me certificar de que todos estavam distraídos. 
- Não sei. - ele respondeu, fechando o sorriso. Senti meu próprio rosto se contrair, mas logo ele sorriu torto e continou, fazendo com que eu sorrisse de novo: - Mas algo me diz que vale muito a pena. 
- Pelo menos... - disse, não conseguindo não me aproximar dele. Seus dedos, de baixo da água, roçaram minha barriga nua. 
Senti um calor subir pelo meu corpo e antes que fizesse alguma besteira, me afastei, ouvindo Mariana gritar, não dando nem tempo para se arrepender. 
- PÁRA, HARRY! AQUI NÃO! - Harry estava beijando-a no pescoço e suas mãos, que estavam sobre sua bunda, a traziam para perto cada vez mais. Quando procurei por Sophia e Chay, os dois haviam sumido. Ele estava na barraquinha pegando mais uma cerveja, ela, por sua vez, conversava com um surfista gostosão. Micael e Melanie continuavam a se beijar sem se importar com o mundo - e os coitados dos velhinhos - e com o tempo, como se estivessem em um universo paralelo. 
Ah, que lindo! 
Thur me puxou e falou ao pé do meu ouvido: 
- Vamos aproveitar que eles estão ocupados demais um com o outro! - e me deu um beijo. Mas não foi qualquer beijo, foi selvagem, como se esperasse há muito tempo por aquilo. Por um momento senti que ficaria sem ar. 
Mas para quê respirar quando se está tendo o melhor beijo de sua vida? 
Respirar é para losers. 
Ele me puxou pelos cabelos e passeou com as mãos pelo meu corpo. Suas pernas se juntaram as minhas e sua língua explorava toda a minha boca. 
Segurei em seu pescoço com firmeza, com medo de cair e ser levada pela correnteza, pois sentia minhas pernas moles e meu coração prestes a explodir. 
Me entreguei. 
Não conseguia mais me conter. 
Ele puxou o laço da parte de baixo do meu biquíni e eu puxei seu shorts para baixo. E quando pensei que tudo estava perdido, uma onda veio forte e quebrou em cima de nós dois, fazendo com que caíssemos na areia molhada. 
Segurei meu biquíni e fiz novamente o laço. Quando emergi na água, Thur já estava lá, olhando assustado para mim. 
- Você está bem? - ele perguntou. E como se fosse a coisa mais natural do mundo - depois de um amasso daqueles - eu comecei a rir. No começo ele só me olhou, como se eu fosse louca. Depois, se juntou a mim, e riu. 
Thur!? - Chay gritou na beira do mar, surgindo do nada. Sophia estava parada a alguns metros dele, e a sua cara não era a das melhores. - ESTAMOS VOLTANDO! 
Thur e eu nos entreolhamos. 
Teríamos que deixar aquilo para mais tarde.

Thur fala:

Voltamos para a casa do meu tio pois o sol resolveu se esconder, dando espaço para nuvens pesadas e chuvosas. A atmosfera ficou negra e só tínhamos vontade de uma coisa: Tequila! 
Todos tomaram banho e desceram a escada incrivelmente ao mesmo tempo. 
Harry usava uma calça jeans escura e estava sem camiseta e sem sapatos, fazendo Mariana sorrir maliciosamente ao pousar os olhos nele. Mas ela não ficava atrás no quesito pouca roupa. Usava um shorts xadrez e uma blusa de alcinha branca, e também descia descalça. 
Melanie, que usava um vestido branco e chinelos da mesma cor, descia abraçada pela cintura com Micael, que usava uma bermuda preta e chinelos pretos, e como Harry, sem camiseta. 
Chay usava uma bermuda xadrez e chinelos brancos. Ele descia sem camiseta, imitando os outros dois, e Sophia vinha logo atrás, camiseta preta, saia jeans e sandálias pretas, como se estivesse de luto ou triste. 
Vai saber... 
Eu vinha por último, também sem camiseta, porque senti que não conseguiria olhar para Lua sem suar. Usava calça jeans e chinelos azuis. 
Lua vinha ao meu lado, mantendo uma distância preocupante de dois dedos de mim. Usava uma camiseta vermelha e larga de Chay, escrita “Fuck You!” em letras garrafais – pois alegava não ter mais roupa, depois de, não sei, algumas horas? – e um míni-shorts jeans. A camiseta era comprida demais, cobrindo o shorts e dando a impressão de que ela não usava nada por baixo. 
Perdição. Provocação. Tesão. 
Fomos jantar, gargalhando sempre que podíamos, fazendo uma zona na mesa branca e quadrada da cozinha. Entretanto, ninguém tocou na comida que Micael fizera em dois minutos, – uma mistura de macarrão com arroz – nojenta demais para qualquer contato direto. 
- Ok, está uma puta chuva lá fora e nós estamos presos aqui dentro. – reclamou Sophia, alegando o óbvio, já que os trovôes não paravam de explodir do lado de fora. Ela colocou o prato de lado, apoiou os dois cotovelos na mão e continuou, como uma professora chata: – O que nós vamos fazer? 
- Sexo! – Harry exclamou, apertando Mariana pela cintura. Ela deu um tapinha no seu ombro, corando no estilo eu-quero-fazer-sexo-com-você-mas-não-quero-que-você-espalhe-para-todo-mundo-na-mesa. 
- Além da pornografia, mas alguma sugestão? – Melanie interveio, olhando para Micael com um sorriso idiota nos lábios. 
- Truco com Tequila! – Sophia sugeriu, e todos concordaram na hora. Cinco minutos depois estávamos com a Tequila e o baralho na mesa. 
Fomos jogando, jogando e jogando. Só percebemos que estávamos bêbados quando ninguém mais entendia o que o outro falava e tínhamos que gritar para falar. 
- Cansei de jogar truco! – eu berrei, abafando as vozes enroladas dos outros. Lua brincava de dar tapas em Chay, Sophia e Melanie riam sem parar, Micael embaralhava o baralho e Harry fora trocar o Cd dos Beatles que já tinha tocado umas 10 vezes seguidas. – Vamos jogar Sueca! 
Todos assentiram com a cabeça, quase caindo da cadeira ao fazer isso. 
- Começa aí, Thur! – Micael exclamou, colocando o baralho para baixo na mesa de vidro da sala de estar. Peguei a primeira carta – 7. Faça sua regra. 
Eu não sei se foi porque estava muito bêbado para pensar em outra coisa que não fosse sacanagem, ou se eu não conseguia mais ficar longe dos beijos de Lua. Só sei que minha primeira regra foi: 
- Antes de beber, os casais tem que se beijar. 
- Que casais? – Chay perguntou, olhando fora de foco para mim. Sophia piou ao seu lado. 
- Harry e Mariana, Micael e Melanie, claro... – eu disse, rodando a cabeça. Não conseguia nem organizar meus pensamentos direito. Minha coordenação motora era zero e a música eletrônica que tocava alto fazia um barulho esquisito na minha mente. Chay olhou para Sophia apreensivo, mordendo os lábios, bêbado o suficiente para não perceber a força que usava, e eu completei: - E nem pense que vocês vão escapar dessa! Vocês eram um casal até aquela merda acontecer... 
- E você, Thur, faz casal com quem? – Melanie perguntou, lançando um sorriso afetado para Lua.
- Eu? Eu... – comecei, procurando Lua com os olhos. Mas nem precisei, porque ela mesma se pronunciou, enrolando todas as palavras e rindo entre elas: 
- Pode deixa que o Thur vai comigo. Eu faço esse sacrifício! Agora eu pego a carta! 
Ela pegou a próxima carta. Rei. 
Todos bebem. 
E era por isso que eu amava aquele jogo. 
Harry e Mariana já estavam se comendo antes mesmo que eu pudesse lembrar o significado da carta. Melanie e Micael riram afetados e começaram a se beijar como um casal apaixonado. 
Olhei para Chay, que sorriu afetado para mim. Depois pousou os olhos na boca de Sophia e no próximo segundo eles estavam se beijando. 
Virei meu rosto para o lado, ficando meio tonto com o movimento brusco, e dei de cara com Lua, que se inclinou em cima de mim e sussurrou: 
- Amei essa regra! 
E me beijou.

Lua fala:

É, eu fiquei muito bêbada. 
Mas não só eu. Os outros também. E finalmente o amor e o desejo falaram mais alto que o orgulho. 
Depois do primeiro beijo, todos os casais foram para algum lugar da casa, para ter mais privacidade. E para as coisas esquentarem, claro... 
Harry e Mariana foram os primeiros e desistir. Subiram se agarrando para o quarto dos meninos e trancaram a porta, fazendo uns barulhos engraçados lá em cima, como se estivessem derrubando o quarto inteiro. Mais tarde eu descobri que na verdade eles estava correndo pelo quarto, brincando de pega-pega, logo depois de Mariana dar um chega pra lá em Harry. 
Eu e Thur fomos os segundos, subindo para o quarto das meninas. Mas eu falo disso mais tarde. 
Chay e Sophia foram os terceiros, saindo para a piscina aquecida, quando a chuva parou. E aquilo explicava o porquê de Sophia ter acordado no nosso quarto gripada e encharcada. 
Ou será que não explica? 
Micael e Melanie ficaram pela sala mesmo, conversando e se pegando às vezes, porque, pelo o que Melanie nos explicou, a única coisa que Micael gosta de fazer bêbado é... conversar. 
Thur, eu estou bêbada! – eu reclamei, logo depois rindo ao ser jogada na cama de casal que Sophia dividia com Melanie. Ele se jogou em cima de mim, beijando meu pescoço e me fazendo ficar com vontade de fazer coisas que eu não faria sóbria, se é que você me entende. – Não faz nada comigo! 
- Ok. – ele murmurou, como se não tivesse nem ouvido o que eu tinha falado, mordendo minha orelha. Inclinei-me para seu ouvido, aproveitando o bom senso que me restava, e choraminguei: 
- Promete? 
De repente, ele parou de me provocar e me fitou, ficando sério como se estivesse sóbrio. 
- Você acha mesmo que eu faria alguma coisa sem seu consentimento? 
- Então promete! 
- Prometo. – ele respondeu, olhando no fundo dos meus olhos. Voltei a beijá-lo. 
Esquecendo da promessa – ou não – Thur me encaixou em suas pernas e enfiou a mão dentro da minha camiseta, como se quisesse tirá-la. Indo no embalo, desabotoei sua calça e comecei a dar leves beijos no seu pescoço, indo para baixo cada vez mais. A bebida e a vontade me dominaram por completo. Eu estava pouco me fodendo para tudo. Eu queria ele. 
Quando cheguei até o meio da barriga e Thur viu que eu ia continuar descendo, me empurrou gentilmente e se levantou com um pulo. Estranhei seu movimento e me levantei também, fitando-o curiosa. Sabia que a bebida deixava minhas expressões bizarras, e agradeci por ele não estar rindo. 
Ele andou de costas até a porta, como se não quisesse ir embora. O olhar desconfiado e decepcionado pousou nos meus olhos ainda curiosos, e ele murmurou: 
- Desculpe, Lua, mas eu prometi. 
E saiu.

Thur fala:

Acordei no meu quarto, jogado no chão ao lado de Harry. Micael estava babando no travesseiro da cama de casal e Chay pingava água na cama de solteiro, enrolado em uns três cobertores que provavelmente Micael jogara nele durante a noite. 
Rolei para o lado, tonto pelo cheiro de perfume feminino, masculino e álcool que empregnava o quarto, e dei de cara com Harry, que olhava para o teto, pensativo. 
- Madrugou? – perguntei, falando baixo para não acordar os outros. 
- Talvez. Nem sei que horas vim parar nesse quarto. Mas a tontura passou agora há pouco... – ele respondeu, fazendo círculos imaginários com os braços. 
- E a noite com a Mariana, foi boa? – perguntei, segurando o riso. 
- Foi foda, dude! – ele exclamou, arrumando a postura de repente. Um sorriso se expandiu de orelha e orelha, e se ele não fosse meu amigo eu estaria o chamando de gay até o outro dia. 
- E aí, rolou um fanfer’s? [N/A: Fanfer’s = sexo. Créditos by Bruno.] – brinquei, fazendo ele gargalhar e olhar maliciosamente para o teto. 
- Quase, dude, quase... 
- Quase por que, Judd? Não vai me dizer que não subiu!? – o zoei. Não podia perder a oportunidade de sacanear Harry-garanhão-Judd. 
- Vai se foder, Thur! – ele exclamou, me dando um soco no ombro. – Não foi nada disso. Ela... Não quis... 
- Ela não quis? – Micael perguntou, pulando em nós dois. Quase tive um infarto, pois pensei que ele estivesse dormindo. 
- Caralho, Micael! – eu guinchei, fazendo-o rir. – Vai se foder, quase morri agora! 
- O quê foi, Thur? Nasceu de 6 meses? – ele perguntou, gargalhando. 
- Vai, Judd, continua. – eu disse, ignorando a pergunta de Micael. – Agora eu quero saber. 
- Então... Quando cansamos de jogar sueca... 
- Dois segundos depois da brincadeira começar... – Micael ironizou, virando os olhos e recebendo um tapa de nós dois. 
- DEPOIS DA BRINCADEIRA COMEÇAR... – ele gritou, por cima da risada de Micael, que parou para prestar atenção. Chay enfiou o travesseiro na cabeça, irritado. Já havia acordado, mas era sempre o último a dar sinais de vida. – Eu trouxe ela para cá. Só que ela estava tão bêbada que toda aquela postura só-me-toque-depois-do-casamento foi por água abaixo. Dude, ela começou a tirar minha roupa e a própria roupa ao mesmo tempo, e eu nem sei como isso é possível! – ele relatou, e nós rimos. – Então me puxou para a cama de casal e eu comecei a suar frio, e ANTES que vocês comecem as brincadeirinhas, eu estava nervoso sim. Sei lá... Com ela tudo é diferente... 
- Ah, nosso baterista gostosão está apaixonado! – eu brinquei, e ele sorriu, indiferente ao comentário. Reparei em como as coisas mudaram. Se eu tivesse dito aquilo algum tempo antes, ele me socaria tanto que eu sairia roxo. 
Ah! As cheerleaders do colégio Norbert... 
- Eu sabia que seria aquela hora. Sabia disso, e mesmo sabendo que sóbria ela não faria aquelas coisas, me joguei em cima dela. Fui realmente egoísta, mas foram os hormônios... 
- Hormônios, sei... – Micael zoou, e Chay soltou uma risadinha da bola de cobertores. 
- Aí eu comecei a beijar aquele corpo lindo dela, e a cada segundo que se passava o nervosismo aumentava. E se ela não quisesse? Mas então as coisas foram fluindo e ela tirou minhas boxers. E quando eu estava prestes de ir para o céu... – ele narrou, e nós arregalamos os olhos, arrumando nossas posturas. Harry sabia como contar uma história. – Ela me empurrou e sussurrou: “Melhor não, Harry...”. 
Soltamos o ar presos em nossos pulmões e gargalhamos. 
Por pouco Harry não era nosso ídolo. 
Mas as patricinhas ganharam de novo. 
- Aí nós fomos brincar de pega-pega e dar uns amassos de vez em quando. – ele completou, rindo das nossas caras de decepcionados. 
- Pega-pega pelados? Deve ser legal... – Chay comentou, saindo do seu casulo e entrando na conversa. 
- Seria, mas nós colocamos nossas roupas. – ele disse, dando de ombros. 
Sonhos de uma noite de verão. 
Ou sonhos de uma noite de tempestade, se você preferir assim. 
Agora, desde quando o tarado do Judd resolve não fazer nada e prometer “esperar o tempo que for preciso” para ficar brincando de pega-pega em um quarto escuro, aconchegante e sem roupa? 
E, melhor ainda, desde quando uma menina rejeitava o tarado do Judd? 
E é aí que você percebe como as coisas mudam... 
- Porra, eu não conto mais as coisas pra vocês, porque a cada vez mais soa mais gay... Mas eu gosto mesmo dela, e vou esperar e todas essas merdas que caras apaixonados fazem... – Harry suspirou, com cara de apaixonado. – Nem que para isso eu tenha que torturar o coitado do Harry Jr. 
- Como isso ficou gay, dude... – Chay concordou, e nós quatro gargalhamos. 
- E você e a Mel, eim Micael? – Harry perguntou, tirando o foco da conversa da sua tentativa frustrada de conseguir alguma coisa com Mariana. – Rolou alguma coisa? 
- Não, dude, você sabe como eu fico bêbado. – ele respondeu, dando de ombros. 
- Assexuado. – eu concordei. 
- É, isso mesmo. Então nós basicamente nos amassamos, conversamos e bebemos o resto da garrafa de Tequila. O único problema é que a Mel fica TARADA bêbada e eu tive que afastar ela, porque não tinha a mínima vontade de fazer outra coisa a não ser rir... 
- E é por isso que as meninas na escola odeiam te amar... – Chay disse. 
- Mas acho que ela não se importou muito... Ah! – ele exclamou, lembrando de algo. – Nós fizemos um bolo de Nescau que provavelmente está todo sujo e nojento na geladeira. 
- Vocês fizeram um bolo... bêbados? – Harry perguntou, incrédulo. 
- É. 
- Não vou chegar nem perto disso. – Harry brincou e Micael mostrou o dedo do meio para ele. – E aí, Chay, como foi sua reconciliação com Sophia?
- Sei lá se foi uma reconciliação... – ele respondeu, dando de ombros, e uma sombra passou por seus olhos, deixando a atmosfera pesada. Mas logo ele voltou ao normal de Chay e continuou: - Ela vai ter que ralar muito para ter meu perdão. 
Chay, o exterminador de corações. – eu brinquei, imitando um robô. 
- Mas mesmo assim a pegada foi forte. – ele disse, maliciosamente. 
- Essas meninas ficam perversas bêbadas! – Micael resmungou, parecendo uma criança mimada só porque não conseguia fazer nada bêbado. 
Coitado. 
Bixona! 
- Nós entramos na piscina! – Chay continuou, os olhos brilhando. – Foi animal, nunca tinha pego ninguém em nenhuma piscina, principalmente uma aquecida! 
- E foi bom pra você? – perguntei, irônico. 
- Nós entramos de roupa mesmo. Estava tão quente que saía fumaça! – ele contava, como uma criancinha. – A neblina estava tão espessa que eu quase não via o lado de fora da piscina, dando um clima irado de filme de terror. 
- É uma criança... – Micael comentou. 
- Então, primeiro, nós conversamos por um bom tempo. – ele continuou, ignorando Micael e seus famosos comentários irônicos. – Ela me pediu desculpas e eu disse que iria pensar... Então ela simplesmente me ATACOU! 
- HAHAHAHAHA! – todos nós rolamos de rir com os gestos exagerados de Chay.
- Conte como foi o ataque, dude! – Harry pediu, se empolgando com a história. 
Chay também sabia como contar uma história. 
- Ela tirou a camiseta, ficando só de saia jeans e sutiã, e logo em seguida começou a me beijar tanto que eu nem conseguia respirar direito! Ela beijava meus ombros e eu beijava seu pescoço. Então, no calor do momento, minha mão desceu pela água quente e parou no meio das suas pernas, que ficaram rígidas mas logo depois amoleceram. Eu meio que fiz aquilo de propósito, e não porque estava bêbado, porque há muito tempo eu queria aquilo... Aquela menina sabe como deixar alguém louco! 
- Esse alguém lê-se Chay. – Harry concluiu. 
- Aí vocês já sabem o que aconteceu... – Chay terminou, ficando contrangido. 
- Ela deixou na boa? – eu perguntei, tentando deixar Chay mais constrangido ainda. Eu sabia que aquelas coisas eram íntimas, mas entre nós não havia segredos, – PUTAQUEOPARIU, QUE COISA MAIS GAY! – e eu não ligava se Sophia tinha feito ou não alguma coisa, pra mim ela sempre seria a santinha de Chay.
Mas mesmo assim era divertido irritá-lo. 
- Dude, nós estávamos bêbados! – ele respondeu, defendendo Sophia dos pensamentos nefastos. 
Nefastos, da onde eu tirei essa palavra? 
- E... Eu a amo, e ela me ama, vocês sabem disso, não tem nada demais e... 
- Tudo bem, garoto sensível! – Harry o desarmou. – Nós não falamos nada! 
- E depois disso? – Micael perguntou, meio que com inveja do amigo. 
- Depois eu peguei uns cobertores e... 
- Eu sabia que tinha visto um Chay passando pela sala molhado! – Micael gritou. – Não era sonho, não era mito! [N/A: Desculpem pelas gírias estranhas, a maiorida é piada interna. xD] 
- HAHAHAHA! – Chay gargalhou. – É, era eu mesmo... Então nós ficamos deitados na churrasqueira vendo as estrelas. 
- E você veio parar aqui que horas? – perguntei. 
- Nem sei. Nós bebemos mais, e eu perdi a consciência de novo. Só sei que acordei aqui do nada com o Thur falando todo enrolado. Thur, você estava mais bêbado que tudo! 
- Sério? – perguntei. Eu não me lembrava daquilo. – O que eu fiz? 
- Você caiu com tudo no chão e ficou nele, falando um monte de coisas que eu não entendi. – ele respondeu, e os outros riram. 
- Agora... – Micael disse, e os outros dois olharam para mim. Engoli em seco. Chegara minha vez. E eu tinha uma resposta na ponta da língua para dar. 
Mas não era a resposta que eu realmente queria dar. 
- Agora? – perguntei, me fazendo de desentendido. 
- Como foi sua noite com Luinha? – Chay perguntou, segurando o riso. 
Respirei fundo. 
- Pra falar a verdade, eu não lembro de nada.

Lua fala:

- Não adianta! – reclamei, jogando um travesseiro em Melanie. – A última coisa que eu me lembro foi de ir ao banheiro logo antes da última partida de truco, depois só me lembro de algumas coisas alheias... 
Lies, lies, lies! 
- Ah não, Luinha! – Mariana reclamou. – Só porque finalmente vocês ficaram? 
Finalmente é? 
- Credo, nem me lembre disso... – resmunguei, relembrando de todos os momentos do dia anterior. Esbocei um sorriso. 
- Ah, mas já estava subentendido que eles iriam ficar, ou vocês acharam mesmo que eles iriam ficar segurando vela? – Sophia gritou do banheiro, onde tomava banho. O vapor saía por debaixo da porta deixando o quarto quentinho, o que era bom. O dia estava uma merda. Frio e nublado. 
- Nada a ver! – resmunguei, me jogando na cama e passando as mãos no meu cabelo úmido do banho. – Eu não ficaria com ele sóbria... 
Ou será que ficaria? 
- Ok, mas você não lembra nem de um beijinho do guitarrista gostosão? – Mariana perguntou. 
Sorri como boba, e elas viram. 
- Aaaaaaaah! Olha a cara dela! – Melanie brincou, me cutucando. – Vai, conta! 
- Ok, ok! – gritei, afastando as mãos delas que me cutucavam inteira. – Lembro de um só! 
- Pode contando! – Sophia pediu, saindo do banheiro enrolada em uma toalha e se jogando entre nós três na cama. 
- Eu me lembro que o Thur veio comigo para o quarto mas logo depois saiu, mas não me lembro do motivo. – comecei, omitindo a parte toda da promessa. – Depois de alguns minutos, ele voltou, rindo sozinho. 
- E aí? – Melanie exclamou. 
- Detalhes, Luinha, detalhes! – Mariana e Sophia imploraram. 
- Ok... – suspirei. – Eu estava deitada de barriga para baixo na cama, esperando a tontura passar. De repente ouvi um clic na porta. – nem sei porquê estava contando tudo aquilo para as meninas, mas as palavras jorravam da minha boca e eu não fiz nada para impedir. – Levantei minha cabeça e olhei, ainda meio zonza, para ele, que entrava cambaleando pela porta. Ele se jogou ao meu lado e eu encostei minha cabeça nos seus ombros. 
As três ouviam o relato hipnotizadas. 
Eu até podia ouvir o que elas pensavam. “Quem diria, Thur e Luinha!”.
- Ele passou os dedos pelos meus cabelos e ficamos olhando para o vazio negro do quarto. 
- E o que ele disse? – Sophia perguntou, quebrando o silêncio. 
- “Luinha, eu sempre quis você.” – respondi, antes mesmo de tentar inventar alguma coisa. 
“Merda!” pensei. Agora que elas não me deixariam em paz. 
- Aaaaaaah! Que lindo! – Melanie gritou! – Eu sabia, eu sabia! 
- Não se empolgue tanto, Mel, eu estava bêbada e ele também. E outra, eu não vou ficar com ele novamente. – disse, virando os olhos. As expressões nos rostos das meninas murcharam. 
- Mas vocês ficam tão fofos juntos! – ela protestou. 
- Acho que nem, eim? – perguntei, rindo das suas caras incrédulas. 
- Vai, Luinha, continua! – Mariana pediu. 
- Acho que depois disso nós dormimos por algum tempo e acordamos ao mesmo tempo. Senti ele se mexendo ao meu lado e me virei, nossos rostos ficando paralelos. 
- E o que ele disse? – Sophia perguntou, empolgada. 
- “Oi.” 
- Conta a conversa toda! – Mariana reclamou. 
- “Oi.” eu respondi. “Você está quente!” ele exclamou. – imitei a voz dele e as meninas riram. – “Acho que é porque nós estamos cobertos por uns vinte cobertores...” eu respondi, fazendo ele rir e dizer: “Ah, é...”. 
- E...? – Mariana já estava ficando impaciente. 
- “O que você quer fazer agora que não estamos tão tontos?” eu perguntei. Então ele se inclinou em minha direção e sussurrou, com seus lábios perto dos meus: “Isso.” e me beijou. 
Foi realmente muito romântico. 
E eu me derretia toda vez que pensava em nós dois abraçados, se beijando, e em como ele tinha mantido a promessa, respeitando minhas vontades. 
Thur era tão perfeito! 
E eu estava tão apaixonada; e ferrada. 
- Que lindo... – Melanie suspirou. 
- É, lindo, maravilhoso, agora vamos descer que eu tô com fome. – reclamei, colocando um par de meias limpas. Fazia um frio da porra. 
Colocamos moletons velhos e sem graças, mas para aquele tipo de frio era o único tipo de roupa que se encaixava. Descemos com os cabelos úmidos, uma ressaca do caramba e morta de fome. 
Quanta feminilidade. 
- Meu Deus, o espelho do quarto de vocês quebrou? – Micael exclamou, fitando Melanie de cima a baixo, enquanto os outros riam. 
- Vai se foder, Borges. – resmunguei, pegando o muffin de blueberry que ele estava prestes a enfiar na boca. 
Passei por Chay, que olhava carrancudo para Sophia conversando com Harry e fui até a pia, onde Thur lavava louça distraidamente. 
Ele estava cheirando sabonete e loção pós-barba e eu queria me envolver em seus braços e nunca mais sair. Ele lavava habilmente os pratos e os colocava no escorredor, olhando vagamente para as mãos. Nem me percebeu parada ao seu lado, e meio que tomou um susto quando eu peguei um pano de prato e comecei a secar as coisas do escorredor. 
Continuou entretido na lavagem, mas inclinou a cabeça para mim e perguntou, quase sussurrando: 
- Domiu bem? 
- Sim. – abaixei consideravelmente a voz. – Pensando em você. 
- Eu também. – ele disse, sorrindo para mim e mostrando seus dentes perfeitos, meio tortinhos em baixo, que eu tanto amava. 
- E aí, te enxeram muito? – perguntei, apontando com a cabeça para o grupo de 6 pessoas que riam como crianças e jogavam comida umas nas outras. 
- Um pouco. – ele deu de ombros. – E você? 
- Bastante. 
Luinha... – ele abaixou mais ainda a voz, sem tirar os olhos das mãos ensaboadas. Ele estava tenso e suas pernas apoiaram na bancada da pia, como se ele pudesse cair a qualquer momento. – Nós precisamos mesmo continuar mentindo? 
- Sim. – respondi, exasperada. Nem eu sabia mais o motivo de esconder aquilo, já que todos estavam numa boa. Mas eu realmente não queria contar para ninguém. 
Sem contar já tínhamos problemas, imagina contando? 
Quantas intrigas as pessoas do colégio fariam para nos separar? 
Só de pensar nisso, estremeci. 
Thur continuou olhando para as mãos como antes, mas sua respiração ficou agitada. 
Thur, eu não quero que ninguém se meta com o que nós temos e... 
- É isso ou eu sou algum tipo de jogo pra você? – ele sussurrou com raiva, e se eu não estivesse inclinada para ele não teria ouvido. 
Senti um aperto no coração. 
Será que ele achava aquilo mesmo? 
- Como você pode chegar a pensar em uma coisa dessas? – perguntei, parando de secar os pratos e olhando para seus cabelos que caíam pelo rosto. Ele fez um movimento rápido com a cabeça e logo me encarava, com raiva nos olhos. – Eu amo você. 
Suas feições se suavizaram na hora, e eu senti um alívio instantâneo. 
- Eu também te amo, Luinha. – ele suspirou e o sorriso torto que eu tanto adorava se apossou do seu rosto. Atrás de nós as gargalhadas não paravam. Estávamos seguros. – Desculpe por isso, é que às vezes eu não sei o que você está pensando e isso me deixa... inseguro. 
- Tudo bem. – eu repliquei, baixando meus olhos, meio envergonhada por deixar o cara que eu gostava em dúvida sobre o que eu sentia. – Eu quero contar, você sabe que sim, mas eu quero que seja na hora certa, no momento certo e não sei quando isso vai... 
- Hey, ok, deixa isso pra lá. – ele me cortou, pegando discretamente na ponta dos meus cabelos úmidos. Olhei para trás com o canto dos olhos, mas todos estavam muito ocupados em rir de Micael, que colocava todas as bolachas da mesa na boca. – Você só não pode me privar dos seus beijos. 
- Como se eu quisesse... – virei meus olhos e ele riu. 
- Promete? – ele pediu, sorrindo maliciosamente. 
- Prometo.

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