Proibido:
- Meus parabéns, você está com quatro semanas exatas, Lua. – O médico dizia ao examinar Lua. – Agora, por que não ouvimos o coração? – Lua e Carla concordaram, ambas sorrindo. Os batimentos eram fortes apesar do tempo que o feto tinha. Lua sentiu o que qualquer mulher sentiria naquele momento, o sentimento que uma mãe tem por seu filho. Ver os membros crescendo, o corpinho se formando, tudo era novo e mágico para ela.
Estava grávida de um mês, e há um mês não via Arthur. Quando chegara naquele dia, Carla havia lhe dito que Arthur tivera que ir viajar a trabalho para a Argentina, e voltaria dentro de um mês. Lua já havia conhecido Melanie, que ganhara seu carinho instantaneamente. Carla a cada dia se mostrava mais animada com o bebê. Lua passava os dias entediada em casa enquanto Carla trabalhava.
- Mel, sou eu, Lua.
-Oi Lu, tudo bem?
- Tudo, eu só queria saber se você poderia vir me fazer companhia, não aguento mais ficar sozinha dentro dessa casa enorme! – ela reclamou ao telefone.
-Ah Lu, eu não posso. Mas de noite eu passo aí, prometo.
- Tudo bem então. – Lua suspirou e desligou o telefone.
Levantou-se da cama e caminhou até o grande espelho em seu quarto. Levantou a camiseta larga que usava e passou as mãos na barriga que já estava saliente e dura. Passava um bom tempo em frente ao espelho tentando imaginar como ficaria sua barriga depois de alguns meses. Seus pensamentos foram interrompidos pelo som estridente da campainha.
Lua desceu as escadas rapidamente, enquanto a pessoa insistia na campainha.
- Já vai! – ela gritava. Chegou à porta e girou a maçaneta. Sentiu o ar lhe faltar ao ver Arthur. Ele estava encostado na parede com uma mala na mão e a outra no chão. Sua expressão fora a mesma de Lua, surpresa. Um sorriso brotou nos lábios dele.
- Olá Lua. – ele disse calmamente. Ela esperou que seu coração se acalmasse.
- Bem vindo de volta. – ela respondeu com dificuldade. Ele entrou em casa e colocou as malas no chão. Ela sentiu o olhar dele pesar sobre seu corpo, só então se deu conta de que sua camiseta continuava levantada.
- V-você está...? – ele disse sorrindo timidamente.
- É. – Lua abriu um largo sorriso. – Mas, nem da para ver muito bem, só um mês.
- Não, claro que eu vejo... Eu posso? – Lua balançou a cabeça lentamente.
Ele se abaixou ficando de joelhos e tocou o ventre saliente de Lua. Ela sentiu um arrepio descer por sua espinha ao sentir o contato entre eles novamente.
- É incrível. – ele murmurou.
- Ele ainda nem chuta. – ela sibilou entre os dentes, tentado uniformizar sua respiração.
- Como você está? – Arthur perguntou se levantando.
- Bem, só os enjoos matinais que ainda não passaram, e as vezes a minha pressão cai e eu fico tonta, mas o doutor disse que durante os primeiros três meses é normal. O chato é ficar sozinha aqui até de noite, quando Carla chega.
- Não se preocupe, não vai mais ficar sozinha. Carla não pode pedir licença, mas eu posso. – O que era óbvio já que ele era o filho do dono.
- Vai ficar comigo todos os dias? – ela perguntou franzindo o cenho.
- Bom, não todos. Mas os que eu não puder ficar, te levarei até a casa de Melanie. – Lua sorriu. – Vou levar as malas para cima e vou preparar algo para comermos.
Lua ficou sentada vendo TV enquanto Arthur se arrumava para descer. Ele desceu vestindo uma calça de moletom, uma regata branca e chinelos. Lua ficou sentada escutando o barulho das panelas se chocando no granito da pia.
- Lua, vem pra cá. – ele gritou. Ela se levantou e caminhou até a cozinha. Reprimiu o riso ao entrar. Ver Arthur vestido em um avental com corações era no mínimo engraçado.
- Do que está rindo? – ele perguntou olhando para si mesmo.
- Nada. – ela murmurou com a mão na boca.
- Ah, acha meu lindo avental engraçado? Não vai rir quando provar a minha especialidade. Gosta de tacos?
- Arthur! Eu estou grávida, não posso comer comida apimentada.
- Ah é verdade. Então, que tal uma lasanha? – ela assentiu – Uma lasanha então.
Arthur voltou-se para as panelas e Lua se aproximou para ajudá-lo. Arthur sentia-se bem, nunca havia se divertido tanto cozinhando, Carla nunca havia se interessado em cozinhar, muito menos na sua companhia... Lua o fazia se sentir completo novamente, com ela, ele não era um homem amargo e rancoroso... Ele conseguia ser apenas “Arthur.”
- Fazia muito tempo que eu não comia no sofá! – Arthur dizia rindo enquanto colocava o prato sobre a mesinha de centro. Lua fez o mesmo e se encostou no sofá recuperando o fôlego após as altas gargalhadas que deram durante um filme. Ela suspirou passando as mãos no ventre.
- Ás vezes posso jurar que sinto ele chutar, mas o doutor disse que não é possível ainda. – Arthur chegou mais perto dela no sofá e pousou a mão em seu ventre. Lua sentiu a respiração dele, o seu coração batendo freneticamente, e então ele a olhou.
- Vai ver ele só chuta pra você. – ele disse com os olhos fixados nos dela. Lua sentia-se hipnotizada. Colocou sua mão sobre a ele que estava em sua barriga.
- O que está acontecendo? – ela sussurrou.
- Eu não sei, mas não consigo evitar. – Lua deixou-se levar e fechou os olhos. Arthur passara todo aquele tempo fora tentando tirá-la da cabeça, mas não conseguira. Ela estava impregnada nele. Aproximou-se dela roçando seus lábios e sorriu quando sentiu suas pequenas mãos afagarem seus cabelos. Repentinamente Lua se afastou e se levantou do sofá colocando as mechas dos cabelos atrás da orelha.
- Não, isso está errado Thu, não era para as coisas saírem de controle. Não posso. – ela saiu rapidamente e subiu para o seu quarto.
- Seu idiota! – ele resmungou esmurrando o sofá.
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